Anatomia
As lampreias possuem no topo da cabeça um "olho pineal" translúcido e, à frente, uma única "narina", o que é um caso único entre os vertebrados actuais (embora se encontre em alguns fósseis). Esta "narina" também é chamada abertura naso-hipofisial, uma vez que liga ao órgão do olfacto e a um tubo cego que inclui aglândula pituitária ou hipófise. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do canal nasofaringeal das mixinas, com quem a lampréia tem algumas características em comum.[3]
Os olhos são relativamente grandes, estão equipados de cristalino, mas não possuem músculos oculares intrínsecos, como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete fendas branquiais. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros arcos branquiais – a câmara branquial é reforçada externamente por um cesto branquial cartilagíneo (ver figura na página Craniata).
A ventosa que forma a boca da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma bomba de sucção: inclui um pistão, o velum e uma depressão na cavidade bucal, o hydrosinus.
As lampreias não têm um esqueleto mineralizado, mas encontram-se regiões de cartilagem calcificada no seu endoesqueleto. O crânio é composto por placas cartilagíneas, como o das mixinas, mas é mais complexo e inclui uma verdadeira caixa craniana onde está alojado o cérebro.[1]
A coluna vertebral é basicamente formada pelo notocórdio, tal como as mixinas, mas nas lampréias existem pequenos reforços cartilagíneos, os arcualia dorsais.
[editar]Reprodução
Tanto as lampréias marinhas como as de água doce se reproduzem em rios. A sua vida larvar (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma metamorfose e transformam-se em adultos.[1]
As espécies anádromas migram para o mar depois da metamorfose, onde se desenvolvem e atingem a maturação sexual. Este processo pode durar um ou dois anos. Quando atingem a maturidade sexual, as lampréias entram num rio, reproduzem-se e morrem.
Cada fêmea gera milhares de ovos pequenos e sem reservas nutritivas. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados em fundos
[editar]Desenvolvimento larval
As lampreias sofrem um desenvolvimento larvar que pode durar até sete anos, passando-se sempre em água doce. A larva, denominada ammocoetes, não tem ventosa e os olhos são pouco desenvolvidos. A câmara branquial não é fechada e a larva alimenta-se capturando pequenas partículas orgânicas com uma fita de muco produzida na faringe.
Para promover o fluxo de água, o ammocoetes possui entre a boca e a faringe um sistema de bombagem anti-refluxo com duas válvulas, o velum que nos adultos não toma parte na respiração.
O esqueleto da cabeça do ammocoetes é composto dum tecido elástico, a muco-cartilagem que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem.
[editar]Ecologia
As lampreias encontram-se principalmente em águas temperadas, tanto no hemisfério norte, como no sul.
Algumas espécies são parasitas, fixando-se a outros peixes, cuja pele abrem com a sua língua-raspadora e sugam-lhes o sangue. Esta é também uma forma de se deslocarem.
A ventosa bucal também lhes serve para se agarrarem a pedras ou vegetação aquática para descansarem. Por esta razão, em alguns locais da Europa são conhecidas por suga-pedra ("stone-sucker" em inglês).
As lampreias, principalmente a larva ammocoetes, são usadas como isco na pesca. No entanto, em alguns países (como Portugal, por exemplo), os adultos são considerados uma especialidade culinária.
A poluição dos rios, à qual as larvas são especialmente sensíveis, tem sido a causa da sua quase extinção em muitos rios da Europa.
Existem registos fósseis de lampreias desde o período Carbónico superior, com cerca de 280 milhões de anos de idade.
[editar]Uso humano
Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No sul da Europa, sobretudo em Portugal, Espanha e França, a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços muito elevados.[4]
Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto, e outros ainda fazem-na de escabeche. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril. É marinha
[editar]Taxonomia[2]
- Subfamilia Geotriinae
- Gênero Geotria
- lampreia de bolsa, Geotria australis (Gray,1851)
- Gênero Geotria
- Subfamília Mordaciinae
- Gênero Mordacia
- Mordacia lapicida (Gray, 1851)
- Mordacia mordax (Richardson, 1846)
- Mordacia praecox (Potter, 1968)
- Gênero Mordacia
- Subfamília Petromyzontinae
- Gênero Caspiomyzon
- Caspiomyzon wagneri (Kessler, 1870)
- Gênero Eudontomyzon
- Eudontomyzon danfordi (Regan, 1911)
- Eudontomyzon hellenicus (Vladykov, Renaud, Kott e Economidis, 1982)
- Eudontomyzon mariae (Berg, 1931)
- Eudontomyzon morii (Berg, 1931)
- Eudontomyzon stankokaramani (Karaman, 1974)
- Eudontomyzon vladykovi (Oliva e Zanandrea, 1959)
- Gênero Ichthyomyzon
- Ichthyomyzon bdellium (Jordan, 1885) - lampreia de Ohio
- Ichthyomyzon castaneus Girard, 1858 - chestnut lamprey
- Ichthyomyzon fossor (Reighard e Cummins, 1916) - northern brook lamprey
- Ichthyomyzon gagei (Hubbs e Trautman, 1937) - southern brook lamprey
- Ichthyomyzon greeleyi (Hubbs e Trautman, 1937) - mountain brook lamprey
- Ichthyomyzon unicuspis (Hubbs e Trautman, 1937) - lampreia de prata
- Gênero Lampetra
- Lampetra aepyptera (Abbott, 1860) - least brook lamprey
- Lampetra alaskensis (Vladykov e Kott, 1978)
- Lampetra appendix (DeKay, 1842) - American brook lamprey
- Lampetra ayresii (Günther, 1870)
- Lampetra fluviatilis (Linnaeus, 1758) - Lampréia do rio
- Lampetra hubbsi (Vladykov and Kott, 1976) - Kern brook lamprey
- Lampetra lamottei (Lesueur, 1827)
- Lampetra lanceolata (Kux e Steiner, 1972)
- Lampetra lethophaga (Hubbs, 1971) - Pit-Klamath brook lamprey
- Lampetra macrostoma (Beamish, 1982) - lampréia de Vancouver
- Lampetra minima (Bond e Kan, 1973) - Miller Lake lamprey
- Lampetra planeri (Bloch, 1784) - lampréia do riacho
- Lampetra richardsoni (Vladykov e Follett, 1965) - western brook lamprey
- Lampetra similis (Vladykov e Kott, 1979) - Klamath lamprey
- Lampetra tridentata (Richardson, 1836) - lampreia-do-pacífico
- Gênero Lethenteron
- Lethenteron camtschaticum (Tilesius, 1811)
- Lethenteron japonicum (Martens, 1868)
- Lethenteron kessleri (Anikin, 1905)
- Lethenteron matsubarai (Vladykov e Kott, 1978)
- Lethenteron reissneri (Dybowski, 1869)
- Lethenteron zanandreai (Vladykov, 1955)
- Gênero Petromyzon
- Petromyzon marinus (Linnaeus, 1758) - lampreia do mar
- Gênero Tetrapleurodon
- Tetrapleurodon geminis (Alvarez, 1964)
- Tetrapleurodon spadiceus (Bean, 1887)
- Gênero Caspiomyzon
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